sexta-feira, 14 de setembro de 2012

De almas lavadas ou Náufragos do Concreto. Re-sentindo a experiência




Foi incrível e especial a vivência/experiência lá na Ermida ontem e mais ainda agora depois da reflexão e tudo que compartilhamos hoje em roda. Adorei ouvir e ter outras experiências além da minha própria ao ouví-los.

 As memórias afetivas do Rio Negro de Andrea agora também são minhas e também  a sua  impressão de estar em uma Instalação, onde performo e performam para mim ao mesmo tempo e também a força da afetação mágica da experiência levando a um estado que permaneceu durante todo o resto do dia viva em seu corpo/mente.

 Não quero esquecer do apaziguamento sentido por Ludmilla e toda a questão da sensação de não controle de ter alguém te dando um banho e nem esquecer da incrível sensação articular que Marcela sentiu ao mover dentro dágua com o mínimo de tônus e o sentimento de não ter ficado presa só às sensações superficiais do contato com a água, num aprofundamento da intimidade com o ambiente.

O simbólico sentido da comunhão com o espaço e com o outro de Danilo, nas dimensões sociais, espirituais e quânticas,  a empolgação e a expressão facial da Aline com  as sensações do banho, a empatia de Isabela com a dança do outro na sua dança e o surgimento de uma música sentida e não ouvida conduzindo a dança - que  arrisco dizer era a música de sua dança.

 E aí me lembro da inteireza da presença e a expressão de vida de Viridiana,  o efeito de sua dança nas pessoas, e como ela nos uniu como cúmplices de algo que precisava ser dito daquela exata forma! Gestos com efeitos de iluminação incríveis da luz do sol inebriante em tom cobreado. Luz que com o movimento da água produzia efeito de flashes além de iluminar de forma surpreendente mãos e rosto de Viridiana! Era o fim do mundo! Como no filme "Ensaio da cegueira". Todos ali náufragos, lavando a alma.

A caminhada coletiva para o fundo com a sensação nervosa dos pés afundando na lama e todo o seu potencial simbólico e metafórico .

 E os sons da hidro-percussão de Valéria? Nos mostrando a dimensão acústica da água, das nuances da qualidade do controle dinâmico do contato das suas mãos com a superfície da água.

Os quadris de Marta mexendo como grandes colheres o caldo da água, em uma sensualidade essencial, no sentido de essência,  com braços que emolduravam  toda a ação com intenções perfeitas, vivas, latentes e presentes do início ao fim.

 Muitos gestos incrivelmente simples e belos de furar e penetrar a água de Danilo, Andrea e Aline... Giros pelos braços de Ludmilla. A densidade da sensação da roupa grudando e gerando movimentos em Isabela.  Os desmaios de Carol testemunhados por seres atônitos que perplexos abriam caminho para a poesia. A organização da sequência circular com a  cabeça de Rebeca mantendo o contato com a água.  O desequilibrio de Érika e suas pequenas grandes sensações de pele. A cabeça dançante de Marcela em todos os sentidos!

E o que dizer daqueles peixes que nos tornaram Moglis, Tarzans, encantadores de animais  em um sonho de interação e comunicação perfeita com a natureza? Mistura de medo, espanto e curiosidade diante de  comportamento acrobático interativo!!! Que o diga a Érika. Tudo perfeito.

Ah... se o tempo da vida concreta me deixasse ficar mais tempo nessa vida profunda abstrata... eu ficaria aqui a descorrer mais sobre tudo que vi e experimentei, dançando com as palavras. Mas  mesmo sabendo que a única certeza que temos é a morte, insisto em separar o passado e o futuro do presente e atendo o grito do mundo factível..... Vou me. Nossa, que trágico! Mas me permito anseios de poesia, apesar de não ter ainda aprendido a gostar assim do gênero, mas  o aceito como efeito incontrolável deste momento!

Obrigada a todos vcs pelos momentos!

12 comentários:

  1. Lu adorei sua poética. Vive tudo sem ter ido ao encontro e digo que muito do que vcs falaram eu tb vi. ver de fora e sentir por dentro é lindo! Os peixes pura poesia!!! Deveríamos incluir música na água. Bjs. Val e gratas por serem vocês...Te.

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  2. Lindo! Acho que melhor descrição impossível... pelo menos nas palavras!

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  3. Que lindo, lu!!! lindas palavras e percepções! Foi incrível mesmo..acho que foi a experiência na ermida mais intensa. A água tem um poder sobre nós e de união muito forte...
    Obrigada a todos!!

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  4. T, Danilo e Isabela!!!! Obrigada pelos comentários, vc são uns queridos!!!!

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    1. Adorei o texto, Lu!!!! Por mim, eu me esqueceria neste horizonte de abstração e prazer sem fim...

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  5. Adorei sua maneira de relatar e perceber o que se passou, Lu! Foi de fato muito intenso e uma diversidade de expressões e movimentos muito rica.
    Beijo!

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  6. Obrigada Érika e Aline!!!!!!!!! Ah Aline... v
    c tem toda razão!!!!!!!!!!!!!!

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  7. Você usou um jeito e palavras tão próximos, Lu, que foi como reviver. Ao final do texto senti que voltei àquele dia - ou foi água que veio...
    lindo.
    obrigada a você e cada um

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  8. Querida Lud!!!!! Obrigada! Que bom que gostou do texto assim.... Bom demais! Beijo enorme!

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  9. Muita saudade ! Fiquei emocionada, lindo, belo o seu texto lú e as imagens que ele provoucou. Muito especial,gente eu estou voltando! Quinta feira estou lá, amo e sinto muita saudade de voces.

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  10. Alana!Vc faz muito falta! Ai que bom que gostou do texto assim.... que boa notícia vc de volta!
    Quinta-feira marcamos na Ermida!!!!! Bjs

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