quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Aulas dessa semana sobre Laban !!!

Queridos alunos,

Aqui vai um material complementar que eu fiz sobre Laban e é parte da minha monografia de conclusão de curso de Licenciatura em Artes pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Não deixe de ler!!!! Uma hora e meia de aula é muito pouco pra falar desse importante artista/ pesquisador do movimento.



 Rudolf Laban (1879 - 1958) foi bailarino, coreógrafo, pesquisador e professor. Nasceu na Bratislava, na época, pertencente à Hungria. Estudou arquitetura, e foi também diretor de movimento da Ópera Estadual de Berlim. Durante a Primeira Guerra Mundial fixou-se na Suíça onde abriu uma escola de Arte do Movimento. Na Segunda Guerra vai para a Inglaterra onde funda o Modern Educational Dance.
Laban desenvolveu um estudo sobre os elementos físicos, fisiológicos e psicológicos constitutivos do movimento humano para  tratar da intencionalidade do movimento como expressão  e considerava esses elementos os mesmos, seja na arte, no trabalho ou no cotidiano (LABAN, 1978). Pesquisou inúmeros contextos do movimento, tais como: o movimento de e para dançarinos e atores no teatro profissional; o movimento dentro da coletividade; o movimento na educação de qualquer pessoa; o movimento como terapia; o movimento no trabalho industrial e a escrita do movimento.
 Seu trabalho se caracteriza como um sistema, “uma ciência da dança ou uma  lógica da dança” e se chama  Análise Laban de Movimento. Hoje também pode ser chamada de Coreologia e engloba a Corêutica  (estudo da organização espacial do movimento),  a Eukinética (estudo das qualidades expressivas do movimento , ritmo e dinâmica),  o uso instrumental do corpo, o relacionamento do corpo com ele mesmo, com outro e com o espaço e um sistema de notação do movimento chamado de Labanotation  ou  kinetografia (RENGEL, 2003).

                                  
Atualmente a Análise Laban de movimento, internacionalmente abreviada como LMA, Laban Movement Analysis (Moore e Yamamoto,1988) é usada como forma de descrição e registro de movimento cênico  ou cotidiano (de cunho artístico e/ou científico), método de treinamento corporal (teatro, dança, musical), coreográfico, diagnóstico e tratamento em dança-terapia. O que hoje chamamos de Sistema Laban ou Análise Laban de  movimento (até os anos 80 chamado de sistema Effort-Shape, Expressividade–Forma) consiste de fato, em uma série de desenvolvimentos realizados até o momento por profissionais das mais variadas localidades, atualizados e divulgados em congressos e publicações periódicas (FERNANDES, 2002, p.24).

A Teoria de Rudolf Laban é normalmente mais associada à dança do que ao teatro, isso se deve a sua imensa contribuição para o desenvolvimento da dança moderna. Mas, suas idéias vêm sendo usadas em métodos de treinamento do artista cênico desde o início do desenvolvimento de sua teoria, em consonância com as concepções de que não há divisão entre dança e teatro, corpo e mente, movimento e texto. È, também, hoje um instrumento de arte-educação usado, estudado e desenvolvido no mundo todo. No Brasil foi inclusive utilizado como uma referência teórica e instrumento  metodológico para o ensino do movimento tanto na modalidade de dança como no teatro nos documentos oficiais que norteiam a Educação Básica do Distrito Federal (Ensino Fundamental e Médio) e nacionalmente como por exemplo os Parâmetros Curriculares Nacional (PCNs).
A contribuição de Laban é enorme e atinge também outras áreas de conhecimento como, por exemplo, a saúde, a antropologia, os estudos culturais, etc.
A teoria de Laban é baseada na observação (percepção), na experimentação e na análise. Quando se tem o primeiro contato com suas definições e seus conceitos, tem se a impressão de que já se sabia tudo de forma intuitiva, mas a teoria organiza e sistematiza esse conhecimento intuitivo. Na vida cotidiana o homem se comunica através do movimento corporal e das cordas vocais. O ser humano tem a inteligência dotada para ler os movimentos e compreender o que eles significam, interpretando-os individualmente, a sua própria maneira e na maioria das vezes de forma inconsciente.  A revelação da teoria acontece quando através de conceitos e palavras se consegue compreender melhor  os aspectos do movimento que parecem impossíveis de se definir racionalmente ou verbalmente. Todo o estudo fornece um quadro teórico, uma gramática  dentro da qual se pode pensar, analisar, ler e falar de movimento.

  
A rede de pensamento de Laban é rica e abrangente e seu legado
 instrumental é bastante versátil, de grande aplicabilidade e permite despertar a imaginação e a criação de movimentos, auxiliando o ensino e o treinamento do corpo na experiência do movimento. (FERNANDES, 2002, p.36)


         Valerie Preston-Dunlop, ex-aluna de Laban, principal divulgadora e pesquisadora de seus estudos, desenvolveu uma metodologia que organiza  a teoria de Laban  propondo um modelo estrutural do movimento. Sua composição é dividida em cinco partes: Corpo, Ação, Dinâmica, Relações e  Espaço, mas atuam sempre de forma conjunta.
Na concepção de Rudolf Laban o conteúdo do movimento é uma linguagem que  comunica sem palavras. A Teoria de Análise do Movimento identifica os elementos que constituem o movimento e interferem em sua expressão. Além disso, sua análise reconhece as relações do movimento com o espaço, com o corpo, com o tempo, possibilitando multiplicar os seus sentidos.
Por isso sua teoria é utilizada como instrumento de pesquisa e criações coreográficas, pois ela trabalha com os princípios que regem o movimento, dessa forma não estabelece um vocabulário, ou uma técnica específica que resulte em uma só estilização do movimento e possibilita relações simbólicas e significativas pessoais e idiossincráticas. E isso pode ser confirmado pelos trabalhos criados por seus principais  seguidores como Mary Wigman, Alvin Nikolai e Kurt Joss. Estes coreógrafos desenvolveram vocabulários completamente distintos um do outro de acordo com as características de suas personalidades e maneiras de ver o mundo. Kurt Joss, além de coreografar a partir de Laban, junto com Leeder, sistematizou uma técnica utilizada até hoje em escolas da Alemanha e por companhias mundialmente famosas como a de Pina Baush que foi sua aluna e discípula. (LOBO; NAVAS, 2003).
A instrumentalização da teoria de Laban também tem sido usada para outros objetivos como a formação do ator, do bailarino e é especialmente aplicada no ensino artístico educativo da dança por se adequar aos princípios da educação que tem por preocupação formar indivíduos que participem da sociedade, críticos, autônomos, criadores e re-significadores de imagens e movimentos. 



Bibliografia:

LARA, Luciana (2005). O ensino do movimento expressivo. Monografia de Conclusão de Curso- Licenciatura em artes pela  Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.Brasília-DF.
FERNANDES, Ciane (2002): O Corpo em movimento: O Sistema Laban-Bartenieff na Formação e Pesquisa em Artes Cênicas. Annablume, São Paulo.
LABAN, Rudolf (1990): Dança Educativa Moderna, Icone, São Paulo.
LABAN, Rudof (1978): O Domínio do movimento, Summus, São Paulo.
LOBO, Lenora; NAVAS,Cássia. Teatro do Movimento: Um método para um intérprete criador. Brasília,L.G.E. Editora, 2003.
MIRANDA, Regina (1979): O movimento expressivo. Funarte, Rio de Janeiro.
Preston-dunlop, Valerie. Dance is a language isn’t it? Londres, Laban Cente for movement and dance,1992.
RENGEL, Lenira. Dicionário Laban. São Paulo, Annablume, 2003.


"Enquanto que os movimentos dos animais são instintivos e basicamente realizados em resposta à estimulação exterior,os do homem encontram-se caracterizados por qualidades humanas; por intermédio deles o homem se expressa e comunica algo de seu ser interior. Tem ele a faculdade de tomar consciência dos padrões que seus impulsos criam e de aprender a desenvolvê-los, remodelá-los e usá-los.”(Laban) 

Além da foto e dessa última citação tem mais informações no wikidança: http://www.wikidanca.net/wiki/index.php/Rudolf_von_Laban

Aqui vão algumas  imagens que achei na internet: